terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Caminhos da Floresta, o novo musical na corrida do Oscar

Eu amo musicais. Mas odeio musicais que não sabem a hora de parar com a cantoria. Esse era meu maior medo com Caminhos da Floresta, ainda mais depois da irritação que tive com Os Miseráveis pelo mesmo motivo. Felizmente, o novo filme de Rob Marshall - que me decepcionou em Nine, mas já tinha me conquistado em Chicago - não aposta nesse modelo, e estreou semana passada realmente conseguindo apresentar algo novo sobre os contos de fada.

O longa cruza as histórias de João e o Pé de Feijão, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho e Rapunzel. Todos estão envolvidos na saga do padeiro e sua esposa, em busca de itens que os ajudarão a ter o filho que tanto querem. Pra criar a obra, um ponto forte é o elenco. Meryl Streep, Anna Kendrick, Emily Blunt e James Corden são alguns dos destaques, mas os pequenos Lilla Crawford e, principalmente, Daniel Huttlestone - o fofo do Gavroche, de Les Mis - brilham ao lado dos mais famosos.

Meryl não pode deixar de chamar atenção. Como a bruxa má da história, é uma figura solitária, e a atriz incorpora trejeitos brilhantes para que o público tenha sentimentos diversos em relação à personagem. O longa é indicado a três estatuetas do Oscar, uma delas graças à veterana, que traz mais uma ótima performance nas telonas. Blunt, por outro lado, mostra que cresceu desde sua grande chance em O Diabo Veste Prada, e envolve os espectadores. Já Kendrick, embora estranha opção para o papel da jovem do sapatinho de ouro (mas não era cristal?), conquista com seu sorriso bobo e a melhor voz da trama.
O maior problema do roteiro é seu desejo de "fazer demais". Uma história corrida, ainda mais por se dividir em dois momentos, que leva a personagens que poderiam, e mereciam, ser aprofundados - incluindo um aleatório e mal utilizado Johnny Depp -, assim como explicações mal feitas, ou até falta delas. Em paralelo, escolhas questionáveis no desenrolar da trama, como cenas e músicas absolutamente inúteis - defeito este, triste dizer, da maioria dos musicais.

É preciso ignorar aspectos pontuais, mesmo que marcantes, para não criticar o filme. A magia do enredo é perceptível no figurino e na cenografia, mas também em pequenos atos. Constrói-se uma aura fantástica alcançável e que apela para o emocional. E quem assiste repete: "I wish".

H.

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